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terça-feira, 4 de dezembro de 2012

“Teatro não tem que ser bombom com licor”, dizia Nelson Rodrigues



   O Brasil é um país rico em talentos culturais, e Nelson Rodrigues é uma dessas riquezas. Conhecido como o maior dramaturgo brasileiro, o pernambucano que começou a carreira aos treze anos de idade como repórter de polícia, no jornal dirigido pelo pai, adentrou o mundo do teatro em 1941.

   A peça de estreia foi “A mulher sem pecado”, que mostra a obsessão gerada pelo ciúme. Mas a obra que consagrou Nelson no mundo teatral chama-se “Vestido de noiva”, tragédia em que a personagem alucina entre a vida e a morte. Os trabalhos de Nelson eram marcados por temas como, amor, adultério e morte. Para o dramaturgo “Teatro não tem que ser bombom com licor. Tem que humilhar, ofender, agredir o espectador.”.

   O talento Rodriguiano é tão grande que o centenário completado no dia 23 de agosto desse ano é comemorado por meio da apresentação de diversas atrações. Os admiradores podem acompanhar peças, filmes, exposição e relançamento de livros. Um exemplo é a exposição chamada “Nelson Rodrigues 100 anos”, que acontece até o dia 16 de dezembro, no Centro Cultural Fiesp – Ruth Cardoso.

Por Priscila Pacheco

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A riqueza cinematográfica de Israel

Footnote

   Ao contrário do que pode parecer para muita gente o Oriente Médio não é um lugar que vive apenas de conflitos. Ele apresenta uma riqueza cultural imensa, principalmente no cinema que rompeu fronteiras e aparece nas telas de diversos festivais internacionais. Um desses países é Israel, que teve sua produção cinematográfica iniciada por Yaacov Ben Dov muito antes de ser um Estado.

   Os filmes israelenses abordam a relação entre judeus e árabes, a Guerra do Líbano da década de 1980 e também questões cotidianas como, amores, conflitos familiares e homossexualidade. Footnote (Hearat Shulayim), de Joseph Cedar, é um exemplo de problemas em famílias, pois mostra a rivalidade entre pai e filho. Já “The Bubble”, de Eytan Fox, apresenta a relação homossexual entre um homem israelense e um palestino.

Trailer do filme Footnote


   Os temas destacados prendem a atenção do público e atraem prestígio entre os cinéfilos de plantão. Segundo o produtor e executivo, Yoram Globus, “uma vez que deixaram de fazer exclusivamente filmes sobre o conflito árabe-israelense, o mundo começou a assisti-los”. Mas além dos temas outro fator que beneficia a ascensão da indústria cinematográfica israelense é a alta tecnologia, porque ela traz baixos custos e aceleram a produção do filme.

Por Priscila Pacheco



terça-feira, 20 de novembro de 2012

O poder do cinema nas mãos dos nazistas

O Triunfo da Vontade


   O cinema foi uma arma poderosa nas mãos de Hitler para a difusão da propaganda nazista. Um exemplo é o documentário “O triunfo da Vontade”, que já foi citado num post que publiquei há algum tempo. A produção mostra o congresso do partido Nazista, que aconteceu em Nuremberg, Alemanha. E apresenta Hitler como uma pessoa fascinante, o verdadeiro messias que veio ao mundo para salvar os arianos das impurezas mundanas. Impurezas representadas pelos judeus, ciganos, homossexuais, comunistas e deficientes. O documentário foi feito pela cineasta Leni Riefenstahl, mulher que ficou marcada por essa relação com os nazistas.

   Outra figura marcante do cinema de Hitler é Veit Harlan. Considerado o maior cineasta nazista Veit Foi julgado duas vezes por crimes contra a humanidade devido a suas produções antissemitas. Responsável pelo filme The Jew Süss, Veit propagou o culto nazista. Para uma de suas netas The Jew Süss é um chamado para a perseguição dos judeus.

   O documentário Harlan – À Sombra do Judeu Süss, transmitido na madrugada dessa terça-feira na TV Cultura, mostra bem a carreira desse homem no regime totalitário, assim como apresenta o que pensa os seus descendentes que ainda vivem à sombra das ações dele. O filme também nos faz refletir sobre o poder que o cinema possui para alienar a mente das pessoas.

   Fritz Hippler também deixou sua marca nas produções cinematográficas do III Reich. Um dos seus trabalhos mais famosos chama-se O eterno Judeu, produzido a pedido de Joseph Goebbels, responsável pelo Ministério da Propaganda. O eterno Judeu mancha a imagem dos judeus poloneses, faz acusações, menospreza esse povo os colocando como seres perversos na história. Com o poder que tinha no ministério, Joseph Goebbels aproveitou bastante as vantagens do cinema para a difusão dos ideais nazistas e a idolatria de Hitler. Enfim, Hitler sabia qual era o potencial do cinema. Agora imagine se naquela época já existisse televisão? 

Por Priscila Pacheco


domingo, 11 de novembro de 2012

Eis a nossa América Latina



Antes da dominação europeia, a América era habitada por civilizações que tinham um organizado sistema político, econômico e social. Os Astecas localizados no atual sul dos EUA e Norte do México; Maias, no sudeste do México e grande parte da América Central; e Incas, no Altiplano Andino.

Os Astecas possuíam um império teocrático militar, sociedade estamental e economia baseada no modo de produção asiático. Usavam como moeda o cacau e a religião era politeísta, animista e zoomórfica, com sacrifícios humanos para acalmar os deuses e garantir boas colheitas. Culturalmente deixaram importantes conhecimentos de engenharia, arquitetura, astrologia, arte plumária, matemática, ourivesaria e astronomia.

Os Maias também tinham sociedade estamental, religião politeísta, animista e zoomorfista com sacrifícios humanos e usavam cacau como moeda. Uma das grandes contribuições que deixaram foi a descoberta do número zero. Já os Incas possuíam uma sociedade hierarquizada e formavam uma das civilizações mais complexas e poderosas da História.

A chegada dos espanhóis modificou todas essas estruturas. Eles destruíram muitas obras importantes das civilizações existentes, dividiram a região em vice-reinos para ter maior controle, escravizaram e dizimaram os indígenas, e exploraram as riquezas. A colonização espanhola foi a responsável pela dependência econômica, ascensão dos latifúndios, monocultura e desigualdade social de grande parte da América Latina. Essa colonização teve início em 1492 e perdurou até meados do século XIX, quando começaram os movimentos de independência.  No entanto, mesmo independente a América Latina nunca se livrou das marcas da exploração. 

Em meio aos conflitos pela independência surgiu a Doutrina Monroe, aprovada pelo Congresso norte-americano em 1823. Com o lema “A América para os Americanos”, a Doutrina defendia que o continente americano não poderia ser recolonizado e que os países europeus não deveriam intervir nos negócios da América. Dessa forma, os EUA também não interveriam nos negócios pertinentes aos países europeus.

No século XX o expansionismo dos EUA se aprofundou na América. O comércio, as grandes empresas multinacionais, o fluxo de capital e as influências culturais adentraram os países latino americanos sem a ideia de partir. Em 1946 o Departamento de Defesa americano instituiu a Escola das Américas. Tal escola ensinava em seus treinamentos métodos para forçar confissões, torturas e atemorização psicológica. Milhares de oficiais das forças armadas e das polícias da América Latina passaram por essas aulas. E assim, surge a ideia de segurança nacional.

Já em 1947 os EUA criaram o Tratado Interamericano de Ajuda Recíproca, o TIAR, com a intenção de fazer o rompimento diplomático entre América Latina e URSS. E em 1948 ocorreu a fundação da Organização dos Estados Americanos, a OEA.

Cuba é um importante exemplo de dominação norte-americana, pois ao tornar-se independente da Espanha, em 1898, permaneceu sob tutela dos EUA. O país possuía uma instituição política bastante instável, o que facilitou o golpe de Estado comandado por Fulgêncio Batista, às vésperas de uma eleição presidencial, em 1952. O poder de Fulgêncio não agradou certos integrantes da população cubana. E assim, surge um movimento armado contra a ditadura, que era liderado pelo advogado Fidel Castro. Em 26 de julho de 1953, Fidel comanda um ataque ao quartel mais importante do país, La Moncada. No entanto, o ataque fracassou e Fidel foi preso, mas em 1955 Fulgêncio anistiou vários presos, entre eles, Fidel.

Em liberdade Fidel exilou-se no México e com pessoas que tinham os mesmos planos começou a preparar uma nova luta contra a ditadura. Retornou a Cuba em 1956 num barco carregado de armas para iniciar o confronto militar. Todavia, fracassou novamente. E junto com alguns sobreviventes do combate, entre eles, o seu irmão Raúl e o médico argentino, Ernesto “Che” Guevara, foi para a Sierra Maestra e começou a guerrilha. O movimento cresceu, ganhou forças e apoio popular conseguindo, em 1959, entrar em Havana após a queda de Fulgêncio.

Manuel Urritia Manzano assumiu a presidência, Fidel tornou-se primeiro ministro e alguns de seus companheiros também ocuparam cargos ministeriais. O fuzilamento dos “inimigos” da revolução; as reformas urbanas, como o decrescimento dos preços dos aluguéis, livros escolares e tarifas de eletricidade; e a reforma agrária; Desagradaram os moderados de Cuba e o governo dos EUA.

Os EUA começaram a pressionar Cuba economicamente e cortaram fornecimentos, entre eles o de petróleo. Em 1960 Cuba começa a importar petróleo da URSS, mas as refinarias se recusaram a refinar o produto, pois eram de propriedade norte-americana e britânica. Essa ação fez com que Cuba nacionalizasse as refinarias, e em contrapartida os EUA suspenderam a compra de açúcar cubano. Em 1961 John Kennedy autorizou a invasão militar do país pelos exilados cubanos treinados por militares norte-americanos.

Já em 1962 aconteceu a famosa “Crise dos Mísseis”, em que Kennedy bloqueou Cuba, ameaçando invadi-la alegando que os soviéticos haviam instalados mísseis nucleares na ilha. No entanto, um acordo entre os EUA e a URSS determinou a retirada dos tais mísseis. Esse acordo não mudou o bloqueio econômico e político de Cuba decretado pelos EUA. Fidel esteve no comando do país por muitas décadas até passar o posto para o irmão Raul. Atualmente Cuba aparece bastante na mídia principalmente por causa das notícias de presos políticos, saúde de Fidel e reformas. Em relação às reformas parece que Cuba não passará por grandes mudanças enquanto Fidel estiver vivo, afinal, ele deve ter influências sob o comando do irmão.

Na década de 1960 os EUA puseram em prática a Aliança para o Progresso. Eles argumentavam que a Aliança tinha o intuito de ajudar a acelerar o desenvolvimento econômico dos países latinos. Assim, concederam ajuda financeira, realizaram reformas sem alterar a estrutura econômica, implantaram o neoliberalismo e nessa “bondade” patrocinaram golpes militares.

Um desses patrocínios pode ser visto no Chile, pois em 1970, Salvador Allende, integrante da Unidade Popular, assume a presidência do país. Em seu governo Allende nacionalizou as minas de cobre e as telecomunicações, estatizou o sistema bancário, as indústrias têxteis e siderúrgicas. Também iniciou a reforma agrária e a liquidação de monopólios estrangeiros. 

Essas medidas desagradaram o empresariado, que começou a reduzir os investimentos no Chile causando queda nas produções e crescimento da inflação. Os EUA também não estavam satisfeitos com a as mudanças, e começaram a financiar a oposição, afinal elas eram medidas socialistas. Também suspenderam totalmente os empréstimos, depreciaram internacionalmente o preço do cobre e apoiaram o golpe das Forças armadas comandadas por Augusto Pinochet, que aconteceu no dia 11 de setembro de 1973. Após o golpe os EUA continuaram apoiando Pinochet, e há informações que o Tio Sam manteve operações secretas da CIA no Chile entre 1962 e 1975. As operações tinham a função de impedir a eleição de Allende, desestabilização do governo e assassinato de chilenos apoiadores de Allende. E claro, apoiar o golpe e a ditadura de Pinochet.

A América Latina também foi dominada por governos populistas, isso logo na primeira metade do século XX, que eram compostos por líderes carismáticos que tentavam agradar tanto o povo quanto quem tinha poder. O populismo promoveu o crescimento da industrialização e o enfraquecimento das oligarquias, como aconteceu no Brasil na época de Getúlio Vargas, mas em compensação promoveu uma ideologia que transformava o povo em massa. Essa questão é um pouco longa, logo, merece um post especial.

Enfim, eis a nossa América Latina.

Por Priscila Pacheco

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

A Rosa do Povo - O "Áporo", sonetilho denso


   

   A Rosa do Povo foi escrita numa época marcada pela Segunda Guerra Mundial e pela ditadura do presidente Getúlio Vargas. E é uma das obras com maior expressão do lirismo drummondiano e modernista. Nela está presente um dos meus poemas prediletos de Carlos Drummond de Andrade, o "Áporo".

ÁPORO
Um inseto cava
cava sem alarme
perfurando a terra
sem achar escape.
Que fazer, exausto,
em país bloqueado,
enlace de noite
raiz e minério?
Eis que o labirinto
(oh razão, mistério)
presto se desata:
em verde, sozinha,
antieuclidiana,
uma orquídea forma-se.

   Áporo, palavra formada com os elementos gregos a-(prefixo negativo) e poros ("passagem", "saída"), pode ter três significados, são eles: "uma espécie de inseto cavador", "um termo usado para designar um problema sem solução, situação sem saída" e " um certo tipo de orquídea".

   Analisando o contexto histórico que Drummond presenciou durante a década de 1930 e de 1940, e complementando com os significados da palavra áporo podemos verificar que o poema relata a história de um inseto cavador que, numa situação sem saída, se transforma numa orquídea. Mas o que há escondido neste jogo de palavras? Quem é o áporo inseto? O que é a orquídea? Quem é o eu-lírico?

   Podemos analisar cada "pedacinho" desse sonetilho e chegarmos a diversas interpretações. Eu mesma cheguei a várias, mas a que mais me convenceu foi a seguinte:

   O inseto está sufocado, angustiado, e desejando fugir de um lugar que o aprisiona, e ele sabe que precisa tentar esta fuga discretamente para que ninguém o impeça de encontrar a liberdade. Portanto, o eu-lírico pode ser o Áporo inseto, porque ele também está sufocado e angustiado, por isso ele cava a poesia. O eu-lírico procura libertação através do trabalho poético, pois por meio dele pode-se encontrar uma maneira de denunciar e fugir das atrocidades da época.

   A maneira com que a linguagem é manipulada mostra a dificuldade da fuga.

"Um eu-lírico escreve
escreve sem alarme
perfurando a poesia
sem achar escape."

   A escrita é uma maneira de alguém gritar silenciosamente entre tanta repressão. Poderíamos comparar a complexidade da escrita com a complexidade do momento vivido pelo poeta.

   E o Áporo orquídea? Para mim a orquídea é o símbolo da esperança que desabrocha.

Por Priscila Pacheco

domingo, 4 de novembro de 2012

Sete faces? Para Drummond, isso é pouco!



Quando se lê alguma matéria sobre Carlos Drummond de Andrade, o desavisado deve pensar que não há mais o quê conhecer sobre ele por já ter visto tudo que foi dito, escrito ou pesquisado, afinal ele é um dos poetas da literatura brasileira mais lido, estudado e conhecido no Brasil e mundo afora. Pois então, os mais atentos puderam observar que a Festa Literária Internacional de Paraty não havia, ainda, prestado verdadeira homenagem à Drummond. 

E aqui cabe a pergunta, por quê? Simples, não havia o quê dizer. Resposta errada, pelo menos para aqueles cuja ausência do autor mineiro era sentida e vinha aumentando desde a primeira edição em 2003 e que agora completa 10 anos. Tudo isso, porque, apesar de sempre ovacionado pelos leitores e críticos, o grande poeta ainda tem muito a dizer e nos oferece muito o que se discutir. 

OK! Nós perdoamos a todos! Os organizadores da FLIP, que aconteceu  dos dias 4 a 8 de julho, esperaram este ano para ceder em sua programação um vasto espaço de homenagem a esse senhor, que se estivesse vivo completaria, em 31 de outubro de 2012, 110 anos de vida. Justamente, desde o início desse ano, uma série de eventos e lançamentos vem celebrando essa data. 

 
Um deles é o lançamento do livro inédito "Os 25 Poemas da Triste Alegria" da editora Cosac Naïf. Uma “edição comentada”, não apenas pelo próprio Drummond, mas também, por seu amigo e escritor Mario de Andrade. Trata-se de textos escritos entre 1923 e 1924, ou seja, antes da publicação de Alguma Poesia de 1930, seu livro de estreia. O livro reproduz em fac-símile uma edição artesanal de 1924, com poemas datilografados por Dolores Dutra de Morais, sua futura esposa, que foram encadernados e confiados a celebres amigos, entre eles, Mario de Andrade. 

Tempos depois, esse material voltaria para as mãos de Drummond e não se teria mais notícias. O quê o leitor terá, contudo, não é só esse trabalho inaugural. Além dele, um conjunto de notas manuscritas, à margem da produção, datadas de 1937, 13 anos depois. As anotações foram feitas por um Drummond consagrado e maduro suficiente para avaliar com distanciamento crítico seus versos de juventude.

Outro evento que cobre esse ano de comemorações e aconteceu, exatamente, no dia 31 de outubro data de aniversário do poeta, foi a segunda edição do DIA D – Dia Drummond, organizado pelo Instituto Moreira Sales. A ideia surgiu no ano passado e teve a intenção de fazer com que esse dia fosse comemorado e fizesse parte do calendário cultural do país. E para isso, uma programação recheada de atividades foi pensada para os leitores fieis, apreciadores convictos e até para aqueles desavisados do início da conversa. 

Neste ano o IMS promoveu o curso gratuito “Drummond: o tempo e a poesia” ministrado pelo poeta Antonio Cícero, exibiu uma mostra de cinema com filmes da atriz sueca Greta Garbo, musa inspiradora para os poemas do autor e também lançou a edição dos “Cadernos de Literatura Brasileira” dedicada a ele acompanhado dos poetas Eucanaã Ferraz, Ferreira Gullar e o professor da FFLCH – UPS, Ivan Marques em um bate-papo aberto ao público.

E para fechar, a fotógrafa Simone Monte lança dia 9 de novembro, na galeria do cine Reserva Cultural em São Paulo, a exposição “Arrepio”. Ela misturou sua habilidade com as câmeras e sua paixão por poesia e transportou versos de Drummond para o corpo de modelos. Segundo Simone, a ideia era transcrever a palavra do papel para a pele e transmitir o arrepio que lhe causa a poesia. 

Ufa! E Para quem ainda pensa que já viu tudo sobre ele, bobagem! Sete faces é pouco, talvez 110, quem sabe infinitas?!
Por Bruna Freesz

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade não é uma invenção da ciência


   Algumas crianças ao começarem a estudar apresentam dificuldade para aprender o que é ensinado. Isso pode ser desencadeado por problemas como TDA-H (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), Dislexia, Deficiência Intelectual ou Transtorno Invasivo do Desenvolvimento. Também pode haver somente um desinteresse por situações escolares.

   “Geralmente os professores são os primeiros a perceberem este problema. Visto que normalmente a criança não apresenta essas dificuldades em casa e as demonstram por volta dos seis e sete anos de idade quando iniciam o ensino fundamental.”, afirma a psicóloga e mestre em educação, Fernanda Araújo. A psicóloga ainda diz que “é possível realizar um diagnóstico precoce quando as crianças desde muito cedo, 2 ou 3 anos, apresentam distúrbios de linguagem ou dificuldades acentuadas para se relacionar com outras pessoas, por exemplo, isolamento ou agressividade.”.

   Ao diagnosticar o motivo pelo qual o desempenho escolar não vai bem é bastante importante que os pais compreendam a dificuldade do filho e se disponham a auxiliá-lo, evitando cobranças excessivas ou rótulos como o de “incapaz”. Todavia, também é necessário que o outro lado seja visto. Apesar de compreensivos os pais devem impor limites e mostrar a importância da escolarização.

   O tratamento terapêutico é recomendado quando a dificuldade de aprendizagem começa a rotular a criança e acentuar a diferença. Quanto antes o início da terapia melhor, para que a criança tenha um bom resultado quanto ao desenvolvimento escolar. O trabalho psicológico compreende as questões psicopedagógicas presentes na dificuldade de aprendizagem da criança. Para tanto, nos momentos de clínica o uso do lúdico, tratamento psicológico que possibilita o desenvolvimento da percepção, da imaginação, da fantasia e dos sentimentos, colabora para o desbloqueio do lado emocional da criança que impede o aprendizado.

   O lúdico também auxilia a criança no desenvolvimento de estratégias que facilitam seu aprendizado, utilizando os potenciais que tem de aprendizado. Por exemplo, se uma criança é muito agitada, o psicólogo age canalizando essa agitação para realizar as tarefas escolares. Além disso, o profissional deve trabalhar em conjunto com a escola e com a família, no intuito de auxiliar na compreensão do processo de aprendizagem da criança, assim como criar planejamentos que favoreçam essa aprendizagem.

   Portanto, a terapia, orientações aos pais e acompanhamento escolar são essenciais para a melhoria do problema. “Se não houver um tratamento, a criança pode desencadear sérios atrasos no desenvolvimento escolar, acarretando até o total abandono da escola. Desinteresse pelos estudos, baixa auto-estima, timidez ou agressividade. Nos piores casos pode ocorrer a somatização da dificuldade e a criança passa a reclamar de dores de cabeça ou de estômago na hora de ir à escola, ou até mesmo distúrbios mais graves como inapetência”, alerta a especialista Fernanda Araújo Cabral.

Por Priscila Pacheco

domingo, 21 de outubro de 2012

Os frutos da Guerra Fria

Crianças fugindo das explosões na vila de Trang Bang, no Vietnã.

   Com o fim da Segunda Guerra Mundial o mundo foi dividido em dois grandes blocos, o capitalista liderado pelos Estados Unidos, e o Comunista da União Soviética. Com isso iniciou-se a Guerra Fria, uma fase de extrema tensão devido ao poderio dos arsenais nucleares dessas duas superpotências. Elas nunca entraram num conflito direto, pois sabiam que suas armas poderiam destruir o mundo, logo, ambas sairiam perdendo. No entanto, participaram de conflitos de muitas sociedades para impedir o avanço de cada uma das ideias.


   Uma dessas sociedades era a Vietnamita, que estava dividida entre Vietnã do Sul, país capitalista com regime ditatorial apoiado pelos Estados Unidos; e Vietnã do Norte, seguidor de ideias comunistas. As diferenças ideológicas fizeram com que o Sul e Norte entrassem numa guerra que dominou a década de 1960 e parte da de 1970. No início o conflito era interno, mas logo teve a interferência dos blocos capitalista e comunista.

   Os Estados Unidos ficaram envolvidos na guerra do ano 1964 até 1973, quando saíram derrotados. É possível dizer que os Estados Unidos contribuíram para um dos conflitos mais tenebrosos de nossa História. Sem pudores bombardearam aldeias, poluíram rios, tornaram terras impróprias para uso, destruíram vegetações e usaram agentes químicos como, o Napalm e agente laranja.

   A Guerra do Vietnã foi a primeira a ter uma cobertura televisiva, o que fez com que a população americana visse os acontecimentos e se mobilizasse contra a violência. As mobilizações também surgiram por meio da música de muitos cantores, um exemplo é Jimmy Hendrix.


   Para quem gosta de documentários sugiro “Corações e Mentes”. A produção do jornalista e ex-combatente, Peter Davis, mostra depoimentos de soldados, oficiais do alto escalão do exército norte-americano, autoridades europeias e asiáticas e civis vietnamitas. 



Por Priscila Pacheco

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A extrema pobreza que mancha os Direitos Humanos


O artigo XXV da Declaração Universal dos Direitos Humanos diz que “toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família saúde e bem estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos (...)”. No entanto, essa questão não é algo que alcança toda a sociedade, exemplo disso, é o mais de um bilhão de pessoas que vive em extrema pobreza.

Hoje é o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, e a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, divulgou uma mensagem no início da semana em que convoca a nação para acelerar as atividades de combate a este problema para 2015 em diante. A erradicação da miséria é o primeiro tópico dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio estabelecidos pela ONU.

Basta saber se numa sociedade consumista e em que o lucro exagerado é venerado existe a possibilidade de extinguir este empecilho. Talvez seja possível minimizá-lo, mas não fazer com que ele deixe de existir. Por quê? Será culpa só do capitalismo? Se o mundo fosse socialista seria diferente? Analisando o livro “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, provavelmente, não. Afinal, sempre vão surgir aqueles que são mais iguais que os outros. 

Todavia, por mais drástica que seja a situação sempre existe uma esperança na caixa de Pandora. Se tal virtude não assolasse a sociedade não existiriam pessoas que lutam por um ideal, pela igualdade, pelo direito de todos terem uma moradia digna, alimentação, saúde e educação. 

Por Priscila Pacheco

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Primeiro dia da SIP fala sobre liberdade de imprensa e direito à privacidade


“Democracia e liberdade de imprensa são irmãs siamesas, uma não pode sobreviver sem a outra”, diz a atriz Regina Duarte em seminário do primeiro dia da 68º Assembleia Geral da Sociedade Interamericana de Imprensa – SIP. O seminário que teve a moderação da jornalista Patrícia Kogut, do jornal O Globo, levantou questionamentos como, “onde termina o interesse público e começa a invasão da privacidade?”, “em que situações a intenção de proteger o indivíduo pode confundir com (ou transformar-se em) cerceamento ou censura?”. 

Essas questões trouxeram para o debate o fato de que se existe uma imprensa que explora a vida privada de pessoas públicas é porque há quem goste e consuma. “Pessoas vítimas da curiosidade patológica”, afirma Regina Duarte. Sendo assim, o que podemos dizer sobre fotografar alguém escondido e vender a imagem? É uma ação ética? Analisando o inciso X do artigo 5 da Constituição Brasileira podemos dizer que não, pois ele afirma que são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.

Todavia, proibir um jornalista de publicar uma fotografia não pode ser uma censura? De acordo com a advogada Taís Gasparian, “não há uma regra que proíba algo, mas uma avaliação que deve acontecer somente depois da publicação para que não haja censura”. Taís ainda reforça que “é preciso procurar um jornalismo ético e que não se proíba nada, no entanto, é difícil o equilíbrio nessa área”.

O primeiro dia da SIP também apresentou um workshop sobre infografia multimídia, em que profissionais do The New York Times, El País e editora Abril falaram sobre as tendências e mostraram trabalhos realizados desde os primeiros até os mais atuais infográficos. O evento mostrou a força com a qual a infografia surgiu e o quanto ela deve progredir com a era digital.

*Estou participando da SIP e pretendo mostrar um pouco do que foi discutido na assembleia.

Por Priscila Pacheco

sábado, 29 de setembro de 2012

O breve século XX segundo Eric J. Hobsbawm


Eric J. Hobsbawm
Eric J. Hobsbawm nasceu em 1917, no Egito, e estudou em Viena, Berlim, Londres e Cambridge. Além de ter nascido num ano marcante, época da Revolução Russa e meados da Primeira Guerra Mundial, Hobsbawm viveu na Áustria e Alemanha quando estas sofriam com a crise econômica oriunda da Guerra citada. Foi comunista a maior parte de sua vida, e segundo o pesquisador Afonso Carlos Marques dos Santos, “aquele que soube aliar, nas suas sínteses interpretativas, a precisão do conhecimento econômico e político às manifestações do pensamento e da arte, sabendo manter vivo um outro importante legado das ideias socialistas, a preocupação com o humano num sentido plural.”.

Hobsbawm expressou seus estudos e ideias em vários livros, entre eles o quarteto que pode explicar os acontecimentos do século XX. “A Era das Revoluções” foi o primeiro desse grupo, e trouxe em seu conteúdo as Revoluções Francesa e Industrial, no entanto, mais que apenas relatar os fatos ele analisou as modificações que essas Revoluções causaram nas sociedades de diversos lugares. Logo depois veio “A Era do Capital”, que discorreu sobre o período entre a “Primavera dos Povos”, triunfo do capitalismo, surgimento da sociedade de massa e avanço da economia industrial. “A Era dos Impérios” veio depois mostrando a criação dos grandes impérios europeus antes da Primeira Guerra Mundial, e também apresentou as mudanças na cultura e nas artes.


“A Era dos Extremos: o breve século XX” fechou o quarteto analisando as catástrofes que tornaram o século XX um período sangrento e problemático. Além de também discutir a “desmemória” histórica na sociedade. E nesta mesma linha e desejo de reflexão também existe um documentário produzido pelo brasileiro Marcelo Masagão. A obra nomeada como “Nós que aqui estamos por vós esperamos” foi lançada em 1999.

Nós que aqui estamos, por vós esperamos
O documentário é rico em imagens de arquivos e extratos de algumas obras famosas do cinema, por exemplo, Tempos Modernos, de Charles Chaplin. O seu conteúdo é constituído por uma retrospectiva dos principais acontecimentos que marcaram o século XX, como a alienação dos trabalhadores operários, as guerras, a quebra da Bolsa em 1929, as mudanças no estilo e hábitos femininos e até a extração aurífera, em Serra Pelada. 

Entretanto, mais que mostrar personagens famosas a produção apresenta homens comuns que em seu cotidiano também fizeram a história. Com uma trilha sonora envolvente, Masagão mostra tanto a imagem de homens famosos, como Freud, até o soldado morto na guerra e o simples homem que nunca tinha visto uma tevê.

Confira o documentário completo



O que marcou o começo do século XX foi a Primeira Guerra Mundial deflagrada pelo assassinato do Arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono austro-húngaro, e de sua esposa grávida. Esse momento é bem explicado no documentário “Assassinato do Arquiduque Ferdinando”, produzido pela BBC. A produção apresenta um grupo de homens que não se conforma com a exploração que o império Austro-húngaro faz a Sérvia sofrer, e aliado com o governo planeja o assassinato do arquiduque. Os altos impostos cobrados, a fome e as barreiras para o expansionismo são algumas das questões que fizeram com que a população e o governo sérvio desejassem a vingança.

Após o acontecimento o Império declara guerra à Sérvia e outras nações acabam se envolvendo, por exemplo, Rússia, Grã-Bretanha, França e Alemanha. Os anos seguintes ainda vão contar com a Revolução Russa, ascensão dos regimes totalitários e a Guerra civil espanhola.  

Os regimes totalitários surgiram com força na Itália, Portugal, Alemanha, Áustria e Espanha. Eles foram marcados por governos únicos e centralizadores, censura extrema e utilização da propaganda. Na Espanha o representante desse regime foi o General Francisco Franco. E o país se dividiu entre os fascistas, aliados ao exército, igreja e latifúndio, e a Frente Popular, formada por sindicatos e partidos de esquerda. Assim, com as diferenças de posicionamento a Espanha entrou numa guerra civil, em 1936. 

O conflito foi bastante intenso e o General Franco contou com o apoio da Alemanha e da Itália. Inclusive, a Alemanha foi responsável pelo bombardeamento da cidade de Guernica, tema de um mural de Picasso. Mas a oposição também não ficou sozinha na Guerra, pois voluntários esquerdistas de várias partes do mundo foram para a Espanha combater em defesa da República espanhola. Eles formaram as Brigadas Internacionais.

Guernica
  
As Brigadas possuíam muitos intelectuais, entre eles, Ernest Hemingway, George Orwell, André Malraux, Simone Weil, e o brasileiro Apolônio de Carvalho. E sobre Apolônio foi feito no Brasil um documentário chamado “Vale a pena sonhar”, a produção mostra como Apolônio era um visionário que acreditava na vitória de seus ideais. Tanto que além de ir para a Espanha, Apolônio também lutou na Resistência Francesa e depois contra a Ditadura Militar brasileira. O documentário possui depoimentos da esposa e filhos de Apolônio, e de integrantes das Brigadas Internacionais e da Resistência Francesa. 

                  Trecho do documentário "Vale a pena sonhar"



Outro exemplo forte de regime totalitário é o Nazismo, na Alemanha, que surgiu numa época em que o povo alemão sofria por problemas existentes desde a derrota da Primeira Guerra Mundial, as restrições do Tratado de Versalhes, e a queda da Bolsa de 1929. Ao assumir o cargo de Chanceler, em 1933, Adolf Hitler cria o regime totalitário colocando os alemães como seres superiores, por meio de discursos ufanistas. 

A forte propaganda foi essencial para que Hitler conseguisse muitos seguidores. Na época não havia televisão, mas os jornais, rádio e cinema foram suficientes para levar a mensagem nazista à população. Um exemplo de propaganda é o documentário “O Triunfo da Vontade”, produzido por Helene Amália Bertha Riefenstahl, mais conhecida como Leni Riefenstahl.

O filme retrata um congresso do partido Nazista, ocorrido em Nuremberg, Alemanha. E mostra Hitler como o protagonista, o messias que veio para salvar. Já o povo alemão é representado por jovens saudáveis, fortes, limpos e brancos, verdadeiros exemplos de arianos. Um povo sem judeus, ciganos, homossexuais, comunistas e deficientes. O documentário deixa claros os princípios nazistas e a força que a propaganda possuiu para sua existência. 

Trecho de "O Triunfo da Vontade"


E esses são apenas alguns dos acontecimentos que marcaram o Breve Século XX, de Eric J. Hobsbawm.

Por Priscila Pacheco


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Saiba mais sobre a coleta de células-tronco do cordão umbilical


   A possibilidade de revolucionar o tratamento de diversas doenças com o uso de células-tronco encontradas no sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP) é uma esperança que estimula cada vez mais pesquisas com esse tipo de material. Confira mais informações na reportagem transmitida pela rádio CBN, por meio do projeto Universidade no ar, que foi produzida por mim e pela Priscila Martins, com participação de Gabriela Stampacchio.


Por Priscila Pacheco

domingo, 23 de setembro de 2012

A Separação - Um estudo da Ética


   O filme iraniano, A Separação, apresenta diversos conflitos originados pelo tipo de sociedade existente no Irã.  Assim, a discussão ética é bastante abrangente, não só nos faz refletir um pouco sobre os costumes e pensamentos deste país, mas também nos faz pensar em como é complexo pautar questões éticas de um lugar tão diferente do que vivemos.

   Além disso, dar destaque a filmes que fogem ao padrão hollywoodiano quebra preconceitos que muitos têm referente ao Oriente Médio. Muitos deles retratam pessoas comuns da sociedade que querem mudanças e não usam de armas violentas para isso. Nada melhor que o cinema, uma das melhores ferramentas para romper preconceitos e salientar novas perspectivas.

   Não vemos discurso político direto, tema esperado quando se trata de oriente médio. Mas, desdobramentos morais e religiosos perpassam a história não com tom fundamentalista, e sim por uma desconcertante simplicidade que transcende à sociedade iraniana e nos leva a uma percepção universal do ser humano.  O choque entre modernização e tradicionalismo, a desigualdade social presente entre as famílias, a traição de preceitos religiosos por meio da coerção, a liberdade feminina cerceada, a violência física, o livre arbítrio e a felicidade da mulher iraniana são questões que, excluindo a especificidade geográfica, debatemos em qualquer lugar do mundo.

   Nossas reflexões giram em torno de como é possível, sob nosso ponto de vista ético, analisar eticamente uma sociedade em que seus valores e condutas morais são diferentes dos nossos. Fico clara essa diferença entre a sociedade ocidental e a iraniana. Algumas questões morais legitimadas por nós, sequer são consideradas por eles, e outras contestadas por nós, são facilmente aceitas por eles. Entretanto, independente da forma como vivem e de quanto isso pode parecer distante de nós, partilhamos os mesmos conflitos familiares, religiosos e sociais em busca de uma convivência mais harmoniosa.

Apesar de todas as mentiras e desentendimentos ao longo da história, não há como julgar quem está certo ou errado, pois cada um defendeu seus valores morais. As mentiras e as atitudes antiéticas foram o quê fizeram para sobreviver e para defender seus interesses. Quem de nós, às vezes, não faz isso?

Ficha técnica 
A Separação, Drama, 123 minutos. Título Original: Jodaeiye Nader az Simin. Ano de lançamento: 2011. Direção: Asghar Farhadi
Elenco Principal. Hodjat - Shahab Hosseini. Razieh - Sareh Bayat. Somayeh - Kimia Hosseini. Nader - Peyman Maadi. Simin - Leila Hatami. Termeh - Sarina Farhadi

Sinopse
A história segue uma família formada por Simin, Nader e a filha de ambos, Termeh. Quando Simin  decide deixar o Irã para dar um futuro melhor para Termeh, Nader decide não acompanhá-la porque precisa tomar conta do seu pai, doente com Alzheimer. Simin volta então para a casa dos pais e Termeh  prefere ficar com Nader. O filme toma um novo rumo quando, para ajudá-lo a cuidar do seu pai, Nader contrata Razieh, que está grávida e aceita o emprego sem o marido saber. Por razões culturais, ele jamais permitiria que ela trabalhasse numa casa em que a esposa não está presente.
Sinopse disponível em: http://www.jb.com.br/progama/noticias/2012/01/19/critica-a-separacao/ Acesso em: 22/05/2012.

Por Bruna Freesz

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

A coragem para lutar por um ideal morreu no século XXI?

Apolônio de Carvalho

   Apolônio de Carvalho é alguém importante para a História do Brasil e do mundo. Por quê? Porque Apolônio sempre foi um homem corajoso que lutou por seus ideais. Talvez você nunca tenha escutado ou lido o nome dele. Mas Apolônio teve uma participação importante nos acontecimentos do sangrento século XX. Tanto que ganhou um documentário intitulado de “Vale a pena sonhar”.

   O documentário é baseado num livro do mesmo nome e apresenta depoimentos do próprio Apolônio e de outras pessoas que tiveram alguma participação nas mesmas lutas que ele. Assistindo à produção vimos a determinação de um homem que era visionário e acreditava na possibilidade da vitória de seus ideais.

   Após sair da prisão durante o governo Vargas, Apolônio segue com outros brasileiros para a Espanha. Como participante das Brigadas Internacionais ele luta contra os fascistas do governo Franco na Guerra Civil Espanhola. E depois parte para a França e participa da Resistência Francesa. Apolônio também lutou contra a Ditadura Militar Brasileira.

   A atitude de Apolônio e das milhares de pessoas que foram voluntariamente lutar por seus ideais na Guerra Civil Espanhola é um dos maiores exemplos de solidariedade. O que nos faz refletir sobre o cenário que vivemos hoje. Existe essa solidariedade atualmente? Nós sairíamos do conforto de nossas casas para se juntar a um povo de outro país e lutar? Não vamos nem nas manifestações da Paulista imagine para outro país numa guerra.

   Mas por que o século XX mesmo sendo considerado um dos séculos mais carnificinas da História tinha pessoas tão corajosas? Há quem diga que apesar do período sanguinário ainda se acreditava no ser humano e as pessoas tinham um ideal. Já o século XXI é marcado pelo individualismo, consumismo e nós não somos educados para lutar por um ideal. Muitos nem ao menos têm esse tal de ideal.

   Talvez seja por isso que tantas coisas acontecem no mundo e não damos importância. Enfim, não sei se o século XXI será pior que o XX, mas imagino que não teremos muitos Apolônios em nossa História.

Trecho do documentário “Vale a pena sonhar”



Guerra Civil Espanhola

   Para entender melhor o que foi a Guerra Civil Espanhola veja o seguinte programa do Observatório da imprensa.


Por Priscila Pacheco

domingo, 9 de setembro de 2012

A sétima arte no país Persa



   Ao falar sobre cinema logo penso na influência que ele possui em nossas sociedades, pode ser apenas algo para entreter, um grande alienador integrante da Indústria Cultural ou uma arte reflexiva, que nos faz enxergar e refletir sobre determinadas questões. Sendo assim, concordo quando o cineasta iraniano, Abbas Kiarostami, diz: “Em minha opinião, tanto o cinema como as demais artes deveriam interferir na forma de pensar dos espectadores para fazê-los renegar os velhos valores e abrirem-se aos novos”.

   A História do cinema é repleta de obras que foram além do entretenimento, por exemplo, Tempos modernos, de Charles Chaplin, A Batalha de Argel, de Gillo Pontecorvo e Salaam Bombay, de Mira Nair. Enfim, poderia escrever uma imensa lista de filmes desse estilo, mas dessa vez o meu intuito é falar um pouco sobre o cinema iraniano. 

Tempos Modernos, Batalha de Argel e Salaam Bombay

   Quando alguém pergunta o que você sabe sobre o Irã qual é a sua resposta? É um lugar rico em petróleo, o presidente se chama Mahmoud Ahmadinejad, é um país inimigo de Israel, se envolveu numa guerra contra o Iraque. E o cinema? O que você sabe sobre o cinema iraniano? Hum... ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro com A Separação. Sim! Todavia, antes de A Separação o Irã já possuía um currículo imenso de produções cinematográficas.

   O país persa é simplesmente um dos maiores produtores cinematográficos do mundo. Mesmo tendo muitas salas de cinemas fechadas e até queimadas durante a Revolução Islâmica o Irã mantém uma população que gosta muito de assistir a filmes. Nem a censura foi capaz de deter a paixão que o povo iraniano tem pelo cinema. Tanto que o número de escolas de cinemas está crescendo e a quantidade de diretores é imensa.

Mohsen Makhmalbaf
   Muitas das produções apresentam uma crítica social, e usam a metáfora como ferramenta para escapar da censura. Apesar de que o uso dessa figura de linguagem vem diminuindo. Alguns cineastas vivem exilados por terem sido considerados inimigos do próprio país, como é o caso de Mohsen Makhmalbaf. Pessoas como Makhmalbaf tentam mostrar ao mundo a violação dos direitos humanos e a falta de liberdade que existe no Irã. Eles são exemplos de coragem e persistência.

   Para saber mais sobre o cinema e a sociedade iraniana recomendo a leitura de “O novo cinema iraniano”, de Alessandra Meleiro, e O Irã sob o chador – Duas brasileiras no país dos aiatolás, escrito por Adriana Carranca e Márcia Camargos. Num próximo post referente ao cinema iraniano pretendo falar sobre alguns filmes e outros cineastas para que conheçam melhor o que é produzido pelo país dos persas. 

Por Priscila Pacheco

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Uma visita ao Mercado!


Sejam bem vindos a esse distinto e elegante senhor de quase 80 anos. Construído numa época, que em São Paulo, para se chegar até aqui, Rua da Cantareira, pegava-se trens, bondes eternizados, como aquele “Trem das Onze”. Prédio suntuoso, neoclássico por estilo e forma, e por crença, protegido por Ceres, aquela que por outras formas foi singelamente retratada nesses coloridos vitrais, obras de artes que encantam olhares atentos, e porque não, também os distraídos. Cenas vivas do semear e colher, princípios fundamentais que nos fazem relembrar o quanto é simples viver.
Aliás, um dos poucos lugares dessa metrópole que ainda podemos vivenciar as delícias de uma vida simples. As cores variadas das hortaliças e verduras, o aroma dos condimentos e temperos, os sabores divinos dos vinhos, queijos e chocolates, a doçura das frutas daqui e de outras terras, o paladar inusitado de especiarias do mar e o gosto familiar ou não de certas carnes que só encontramos aqui.


Senhor imponente recentemente revigorado. Toda readequação arquitetônica pensada para oferecer aos visitantes melhores acesso, acessibilidade e conforto, afinal anos de história não podem ser esquecidos, e sim, recontados às gerações futuras.
Serviço prestado a favor daqueles que admiram a boa gastronomia. Quem ainda não experimentou os saborosos e incontestáveis sanduíche de mortadela e pastel de bacalhau? Ou até para paladares mais refinados, pratos exóticos preparados por grandes “chefs” no Espaço Gourmet? A favor dos que prezam o patrimônio histórico e cultural. Ou alguém contestaria que aqueles pastéis já não fazem parte do patrimônio cultural paulistano? E claro, reverências àqueles que dedicam suas vidas a dar vida própria a nosso protagonista.

Este distinto Senhor agradece a presença e estará sempre aqui para contar histórias, proporcionar  aromas e oferecer delícias a todos que de longe ou de perto chegarem para desfrutar com plenitude desse Mercadão de São Paulo.
Por Bruna Freesz.

sábado, 25 de agosto de 2012

Nelson Rodrigues, jornalista aos 13 anos



Dono de obras cujos temas principais são o amor, adultério e morte, Nelson Rodrigues adentrou o mundo da escrita bastante cedo. Aos 13 anos de idade iniciou sua carreira jornalística no jornal “A Manhã”, que era do seu próprio pai. Também trabalhou em “Crítica”, outro jornal do pai, “Correio da manhã”, “O Jornal”, “Última Hora”, “Manchete Esportiva” e “Jornal do Brasil”.

No entanto, Nelson não se prendeu aos jornais, ele enriqueceu o teatro brasileiro, teve obras adaptadas para o cinema e televisão.  Além de ter participado de mesas redondas e liderado um programa de entrevistas denominado de “A Cabra Vadia”.

Algumas das obras de Nelson são: Vestido de Noiva, que revolucionou a história do teatro nacional; Engraçadinha, que foi adaptada para uma minissérie da tevê Globo; e Bonitinha, mas ordinária, que foi para o cinema estrelada por Lucélia Santos e José Wilker.

Nelson escreveu muitos contos, crônicas, romances e peças. Enfrentou a censura e conheceu a extrema pobreza na década de 1930, quando o jornal do pai foi fechado. Com certeza, Nelson Rodrigues enriqueceu bastante a nossa literatura. Mas sua história faz com que pensemos em algo que está causando discussões há algum tempo: “O diploma para jornalistas deve ser mesmo obrigatório?”. Bom, Nelson não devia ter diploma quando começou a trabalhar como repórter aos 13 anos de idade.

Confira a entrevista que Nelson Rodrigues concedeu a Otto Lara Rezende


Por Priscila Pacheco

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

De onde vem a expressão Indústria Cultural?

Max Horkheimer e Theodor Adorno

Esse termo foi criado pelos estudiosos alemães Max Horkheimer e Theodor Adorno na primeira metade do sec. XX para substituir outro, “cultura de massa”. Sua primeira ocorrência foi no livro “Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos”. Segundo os autores, “cultura de massa” induz ao erro que satisfaz aos interesses dos detentores dos veículos de comunicação, ou seja, grupos empresariais ligados a esse setor. Pois, pressupõe algo surgindo espontaneamente das próprias massas. Enquanto, na verdade, a “indústria cultural” não apenas adapta seus produtos às massas como determina seu consumo.

Logo, podemos compreendê-la como:

“...cultura massificada que é transformada em produto de consumo. É o processo pela qual hoje se controla a produção de cultura de uma região, cidade ou nação.” (Guerra, Mattos, 2008)1

“...realidade do capitalismo, que precisa do consumo ativo para estabelecer-se e manter-se.” (Guerra, Mattos, 2008)2

Contexto histórico

Com a consolidação do modo capitalista de produção no séc. XX, a Indústria Cultural utilizou do conceito de produção em série e domínio das técnicas de reprodução para exercer papel específico de portadora da ideologia dominante. Sacrificou-se assim, a distinção entre o caráter individual da obra de arte e do sistema social. Sua estrutura está ligada à fase monopolista do sistema capitalista, período em que pode atingir plena configuração.
Com isso, o domínio do homem sobre a ciência e a técnica, pensado pelos iluministas, como modo de libertação do próprio homem, contraditoriamente, torna-o vítima do progresso desse domínio. Assim, a Indústria Cultural passa a utilizar esse progresso como instrumento para conter o desenvolvimento da consciência das massas.

O sistema

“Característica marcante da indústria cultural é que suas mensagens possuem uma lógica de produção e distribuição semelhante às demais mercadorias no sistema capitalista.” (Gomes, 2004)

O processo operativo integra cada elemento. O produto oferecido com “nova fachada”, nada mais é que representação daquilo que já foi ofertado de forma diferente. Mas, continua sempre igual.  Apenas um dos exemplos para isso, são obras da literatura mundial ganhando suas versões cinematográficas para deleite de um público que, provavelmente, já conhece o final da história.

O indivíduo

A indústria cultural cria necessidades ao indivíduo que deve contentar-se com o que lhe é oferecido. Assim, é possível organizar todo um sistema de consumo em que o sujeito compreenda sua condição de objeto daquela indústria. Desse modo, instaura-se a dominação natural e ideológica, levando o sujeito à alienação.
"... a dominação economia sobre a vida social levou, na definição de toda realização humana, a uma evidente degradação do 'ser' em 'ter'."(DEBORD, 1967)3

Para onde vamos?

Ao voltarmos nossa reflexão para a área jornalística, de modo bem sucinto, verificamos que a indústria cultural auxilia o jornalismo através da manipulação das informações por parte daqueles que detêm essa informação. Que, como qualquer empresa capitalista, fabrica produtos padronizados que possam atingir a maior parte de consumidores possíveis. Como a matéria prima nesse negócio é a noticia, só é levado ao grande público aquilo que dá ibope, e por fim, gera lucro.

1. GUERRA, Marco Antônio, MATTOS, Paula de Vincenzo Fidelis Belfort. Indústria Cultural. São Paulo: Universidade São Judas Tadeu.2008.
2. GOMES, Pedro Gilberto. Tópicos de Teoria da Comunicação. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2004.
3. DEBORD, Guy. Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.


Capa da primeira edição de 1947. 
Editora Querido Verlag em Amsterdã.
Título: Dialektik der Aufklärung: 
Philosophische Fragmente.
Por Bruna Freesz