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sexta-feira, 5 de julho de 2013

Por que a culpa é da vítima?

  Dizem que a maneira como a mulher se veste atiça o desejo dos estupradores. Ela usou algo provocante, mostrava muitas partes do corpo. Enfim, dezenas de justificativas para culpar a violentada e justificar o violentador. Mas se a questão é a roupa o que podemos dizer dos casos de violência sexual ocorridos no Egito? O que dizer das mulheres que mesmo cobrindo todo o corpo não escaparam de abusos? 

   Pensava na violência que gira em torno de nós enquanto lia as últimas notícias sobre o Egito e pensei muito mais quando me deparei com um post do Leonardo Sakamoto. Não! Sakamoto não falava sobre os casos egípcios. Num texto intitulado “Se a mulher é famosa, não pode ser vítima de violência doméstica?”, ele dizia que o ator Dado Dolabella não foi julgado por ter agredido a atriz Luana Piovani. Dentre as críticas o post destacava o fato de a justiça dizer que Luana não era uma mulher oprimida ou subjugada aos caprichos do homem, logo, não era necessário condenar Dolabella. O homem que foi escolhido pelo público para ganhar R$ 1 milhão no programa A Fazenda.

   Enfim, parte da sociedade continua defendendo o público masculino cegamente. Enquanto isso as mulheres continuam sendo molestadas nos trens, metrôs e ônibus lotados. Correm risco ao andarem sozinhas na rua à noite. Podem ser estupradas quando vão buscar água em algum canto da África. E neste mesmo continente podem ser usadas como armas sexuais. Não estão seguras no trabalho nem na própria casa.

   Não sei se diante de tudo isso sinto ódio, tristeza ou se vomito de nojo. Até quando seremos culpadas por tudo? Até quando nos culparão por causa dos homens que não conseguem conter os próprios impulsos sexuais ou pelos que se sentem no direito de bater por se considerarem mais fortes. O que nos resta? Não ser submissa. Ter a coragem de denunciar. Educar os filhos para que eles compreendam que a figura feminina não é inferior nem deve ser abusada e agredida. Há muito que fazer, defender, lutar e refletir.