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quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Brasil está entre os dez países com o maior número de voluntários

   No dia 28 de agosto é comemorado o Dia Nacional do Voluntariado. A data foi sancionada pelo presidente da República, José Sarney. Com o desenvolvimento das práticas sociais também surgiram os Centros de Voluntariado, que ajudam organizações sociais a aperfeiçoar a mobilização e gerenciamento de voluntários, e estimulam a prática do voluntariado na sociedade.

   De acordo com o estudo realizado pela organização britânica Charities AID Foundation (CAF), o “Word Giving Índex 2012 – A global view of giving trends”, o Brasil está entre os dez países com o maior número de voluntários. A pesquisa ainda mostra que os Estados Unidos ainda ocupam a primeira posição, possuem uma média de 105 milhões de pessoas que já praticaram algum ato solidário. A Índia aparece em segundo lugar com 87 milhões. Já o Brasil apresenta 18 milhões de pessoas.

   Para as Nações Unidas (ONU), “voluntário é o jovem, adulto ou idoso que, devido a seu interesse pessoal e seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas formas de atividades de bem estar social ou outros campos”. Existem diversas formas de exercer o voluntariado, por exemplo, doar sangue, fazer e incentivar a coleta seletiva de lixo, visitar asilos e instituições infantis. Ou integrar alguma Organização Não-Governamental (ONG).

   No Brasil há milhões de ONGs e elas abrangem diversas áreas: meio ambiente, saúde, assistência social, educação, cidadania e cultura. Ao decidir qual é a área de interesse, o futuro voluntário deve pesquisar bem sobre a instituição, verificar se ela pratica as ideias que propaga, se existe juridicamente, visitar o local e conversar com funcionários e outros voluntários.

   Além da área, o voluntário deve se identificar com o projeto realizado. Algumas ONGs possuem diversos projetos. Um exemplo é a ONG Canto Cidadão, que atua em São Paulo há 11 anos. O Canto Cidadão começou com o grupo de voluntários que, caracterizados de palhaços, visita o público adulto de hospitais públicos e filantrópicos. Hoje, o Canto Cidadão também tem grupos de teatro e coral, que também atuam em hospitais. Mas quem não se sente bem em ambiente hospitalar pode dar aulas de inglês e espanhol na sede da ONG, localizada na zona Oeste de São Paulo.

   O avanço da tecnologia possibilitou que a busca por organizações sociais ficasse mais prática. Muito além de ferramentas de busca, como o Google, há sites específicos que apresentam instituições sociais e trabalhos voluntários. É o caso do Atados que funciona como uma rede social e ajuda as pessoas a encontrarem ONGs e atividades solidárias.



sábado, 17 de agosto de 2013

Voluntária ajuda a encontrar pessoas desaparecidas

   Uma mulher que foge de casa por causa da violência do marido, crianças que são retiradas dos pais devido à pobreza e separadas em abrigos, a mãe que deixou o filho para alguém cuidar por um tempo. Enfim, as histórias de pessoas desaparecidas são inúmeras. E quando não há suspeitas de sequestro ou homicídio a polícia não é de grande ajuda. Portanto, como encontrar um parente que você não tem notícias e muitas vezes nem chegou a conhecer?

   Lindalva Matos, mais conhecida como Tia Xereta, ajuda nestas situações voluntariamente. Após trabalhar o dia todo e enfrentar a turbulência do transporte público, Lindalva passa as poucas horas livres em frente ao computador procurando desaparecidos civis*. A história começou quando ela decidiu procurar duas tias maternas que estavam desaparecidas há décadas. Ao ter resultados positivos pensou em ajudar outros que passavam pela mesma situação. Desde então, Lindalva já encontrou mais de 2 mil pessoas.

   O documentário “Tia Xereta, Caminhos para o reencontro” aborda o trabalho voluntário de Lindalva. Além disso, mostra alguns casos de simples cidadãos que conseguiram encontrar familiares. A produção faz parte de um projeto de TCC que foi apresentado por estudantes de jornalismo em 2012.
A história da Tia Xereta comprova que o ser humano tem uma capacidade imensa para ajudar o próximo. Mesmo tendo muitas obrigações é possível dedicar um tempo, ainda que pouco, para realizar ações solidárias. O voluntário não é uma pessoa impecável. Ele tem defeitos e vícios como todo mundo, mas compreende que também apresenta qualidades que podem contribuir para o bem.

   *Desaparecido civil é aquele que desaparece sem que a família conheça o paradeiro.

Assista ao documentário "Tia Xereta, Caminhos para o reencontro"



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A ciência trabalha para produzir uma vacina contra o Alzheimer, mas os resultados podem demorar a aparecer

   Muitos estudos são realizados para prevenir a doença de Alzheimer, mas os resultados não devem surgir tão cedo. Pois ainda “são necessários muitos avanços e experimentos”, conta o Dr. Gilberto Xavier. Na última parte da entrevista o cientista explica o que o Alzheimer é para a neurociência e que na doença de Parkinson os sintomas cognitivos aparecem antes dos motores.

O que a neurociência pode dizer sobre a doença de Alzheimer? 
A doença de Alzheimer é uma síndrome que envolve várias alterações no sistema nervoso. Uma delas é perda de neurônios em uma região do cérebro chamado Córtex. Outra região que perde muitos neurônios é o Prosencéfalo Basal. Essa é uma região que tem neurônios que produzem uma substância química neurotransmissora chamada acetilcolina. Se falta acetilcolina* no cérebro, o indivíduo tem dificuldade na memória. A doença é “tratada” – na verdade ela não é tratada -, mas ela seria tratada dando substâncias como acetilcolina, então não é um tratamento, é um paliativo. Você está tratando o sintoma, não a doença. A doença é a perda de neurônios. Você teria que saber qual é o motivo da perda desses neurônios e tentar evitar que ela ocorra. 

Existem estudos sobre vacinas para prevenir a doença de Alzheimer? 
Sim. Existem estudos nesse sentido e “n” outras doenças neurológicas no caso. Porém, não verei isso funcionar. Talvez vocês vejam, mas eu não. 

Os estudos não estão avançados por conta da política, por falta de interesse ou por que ninguém bota fé? 
As pessoas botam fé sim, tanto é que tem dinheiro para pesquisar esse tipo de coisa. Depende de muitos avanços e experimentos. Por exemplo: essa epidemia de AIDS começou há muito tempo e se tornou mais coisa de mídia no final da década de 80. Naquela época se falava que em cinco anos nós teríamos uma vacina contra AIDS, mas não temos até hoje. São 33 anos. Por isso estou dizendo que, provavelmente, não vou ver uma vacina contra Alzheimer. 

Um estudo científico sempre é feito com contribuição do passado? 
Sempre. Na ciência, sempre. Ninguém faz ciência sozinho. Falo até uma frase minha, que sempre uso: “Ciência é um empreendimento coletivo”. Não existe o negócio de que um grande cientista inventou tudo sozinho. Dependo de pessoas que vieram antes de mim, que desenvolveram ideias. E descobriram coisas para eu criar os raciocínios, para eu tentar solucionar certo problema e usar isso para ir adiante. É um ato de produção de cultura, e cultura é uma coisa que é transmitida de geração para geração. Eu aprendi com as pessoas que me antecederam e estou ensinando para as pessoas que vão me suceder que são meus alunos. 

Tem um trabalho seu sobre a progressão da doença de Parkinson. Quais foram os resultados desse estudo?
É, na verdade estamos falando de um estudo que foi publicado há pouco tempo. Foi desenvolvido por um aluno meu que já concluiu doutorado. E acho que a contribuição maior desse trabalho é mostrar que, antes de aparecerem os sintomas motores, que são os mais valorizados na doença de Parkinson, os sintomas cognitivos já começaram anos antes. Então até isso pode ajudar no diagnóstico da intervenção para postergar o aparecimento da doença.

*Acetilcolina é um neurotransmissor que contribui com o desempenho da memória.

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quarta-feira, 7 de agosto de 2013

“Intuição tem tudo a ver com memória”, informa o neurocientista Gilberto Xavier

   Você acha que a mulher é mais intuitiva que o homem? O que significa intuição para a ciência? A segunda parte da entrevista do Dr. Gilberto Xavier fala sobre este assunto.

O que a ciência pensa sobre intuição?
Intuição tem tudo a ver com memória. A intuição nada mais é do que usar bancos enormes de memória que você já tem para fazer uma previsão a cerca de um momento. Intuição joga com probabilidades, o que pode acontecer. Estamos no mundo do objetivo e do concreto. Não é mágica.

E a questão de que as mulheres são mais intuitivas do que o homem?
É verdade. As mulheres são treinadas socialmente a prestar mais atenção a ambientes internos e expressões faciais. O sexto sentido feminino é na verdade uma capacidade de perceber expressões faciais. Tem toda uma história de que as mulheres extraem muitas informações das expressões não verbais dos outros.

Seriam pessoas mais perceptivas, mas estamos no mundo do objetivo e do concreto, ou seja, são percepções, são probabilidades que fazem com que as pessoas achem que algo vai acontecer. Pode ser até que aconteça aquilo que ela estava prevendo, mas não é mágico, não é que ela antecipou. 

Então nesse caso não há intuição melhor ou pior, porque o homem também tem. 
Você tem razão, o homem tem habilidades distintas. Por exemplo: se você pega um homem e coloca numa situação de orientação espacial em ambiente aberto, ele é melhor. Já a mulher é melhor em ambientes fechados. 

   *O próximo post aborda a doença de Alzheimer e de Parkinson.


segunda-feira, 5 de agosto de 2013

“Algumas drogas podem favorecer a memória, mas eu jamais tomaria”, diz neurocientista

   Eu precisava entrevistar um cientista para o trabalho de jornalismo científico. Melhor dizendo: Eu e o meu grupo. Numa busca incessante passamos por morte súbita, anorexia em adolescentes, sustentabilidade, poluição x aparelho respiratório e por fim chegamos à neurociência. Pois o Dr. Gilberto Fernando Xavier aceitou nos dar a entrevista.

   Mas o que pensamos quando escutamos a palavra neurociência? É algo distante de nós? Complicado? A princípio o termo pode parecer difícil, mas distante com certeza ele não é. A neurociência traz estudos importantes de diversos fatores que fazem parte do nosso dia- a- dia. Numa conversa mais que interessante o Dr. Gilberto conseguiu transmitir essa proximidade.

   Pesquisador da área de atenção e memória, no laboratório de neurociência e comportamento da USP, Dr. Gilberto fala sobre imaginação, intuição feminina, Alzheimer, Parkinson, consumo de medicamentos para memória, e sobre o fato de o cérebro do homem ser capaz de aprender qualquer coisa independente da idade. 

   Para o post não ficar muito longo resolvi dividir o tema. Comecemos!

Até que ponto a perda de memória na velhice é normal?
É normal. O que acontece é que ao longo do desenvolvimento humano, a partir do momento em que a gente é concebido como pessoa, começam a se dividir células. Hoje, sabe-se que continuamos a produzir células nervosas até a fase adulta e também perdemos alguns neurônios dependendo do grau de estimulação que recebemos do ambiente. O fato é que ocorrem outras alterações no sistema nervoso e a perda de células ao longo do envelhecimento nem é a coisa mais importante. Se a pessoa tiver um envelhecimento saudável, ela vai ter uma perda de um tipo específico de memória que é a operacional, um tipo memória de curta duração. O sistema nervoso que é uma estrutura bastante plástica, flexível, se molda de acordo com o estímulo que recebe do ambiente. Quanto mais a pessoa usa a atividade intelectual mais ela mantém o funcionamento do sistema nervoso intacto. É como fazer exercício físico; se você quer manter seu corpo fisicamente bem, tem que manter uma regularidade de atividade física. Do ponto de vista neural é a mesma coisa. Se você quer se manter intelectualmente bem tem que manter a atividade intelectual.

Isso quer dizer que a memória de uma pessoa alfabetizada é mais afiada do que a de um analfabeto?
Com certeza. Não só mais afiada, como maior. A extensão da memória operacional é maior. E a pessoa preserva a capacidade intelectual por mais tempo. Tudo isso em um envelhecimento saudável. 

O envelhecimento saudável é o mais raro?
O problema é que hoje têm aparecido muitas doenças neurológicas provavelmente relacionadas ao fato de que o ser humano está vivendo mais. Há dois, três séculos atrás, o ser humano vivia até os 40 anos. Hoje, por conta da questão de alimentação, saúde, vacinas e avanços da medicina, você consegue viver até os 70, 75 anos. A expectativa de vida média do brasileiro. Então, uma pessoa que chega nessa idade tem maior chance de ter doença. 

A memória está associada à imaginação?
Definitivamente. A imaginação é fruto da memória. Então, como a gente imagina coisas tão diferentes? Provavelmente por combinação de diferentes memórias e extrapolação. Extrapolação é quando não se precisa da informação se percebe a regra que está sendo usada e você consegue antecipar algo que pode acontecer. É por isso que a gente consegue imaginar coisas que nunca viveu, usando da memória para gerar extrapolações. 

Remédios para memória funcionam?
Algumas drogas podem favorecer a memória, mas eu jamais tomaria. O cérebro é uma estrutura que tem uma química extremamente complexa. E ela se autorregula. Se você desequilibra essa química usando um agente externo, consequentemente, o cérebro que é uma estrutura plástica vai alterar sua função. Ele altera a função para se adaptar a presença daquela substância. Você está criando uma estrutura que funciona de forma diferente.  Se você tira a substância terá uma síndrome de abstinência. 

Medicamentos psiquiátricos e remédio para emagrecer.  São muitos prejudiciais à saúde e memória?
Depende do medicamento. Os remédios para emagrecer, geralmente são anfetaminas e podem trazer consequências graves, inclusive sobrecarga cardíaca. Eu não aconselharia. 

O desenvolvimento do cérebro é infinito?
Infinito. Uma pessoa com 80, 90 anos consegue aprender a tocar piano, por exemplo. Vai lá, treina e aprende.

Um Jovem consegue reter mais informações. Por quê?
Porque a flexibilidade, a plasticidade nervosa do jovem é maior. 

   No próximo post falaremos sobre intuição, Alzheimer e Parkinson.