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quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Embalagens de Aerossol podem ser recicladas, mas devem ter descarte cuidadoso

O manuseio de embalagens de aerossol deve ser feito com cautela, pois elas possuem gás propelente inflamável e a inalação causa danos à saúde. Créditos: Priscila Pacheco

As embalagens de aerossol são bastante consumidas, seja para armazenar desodorante, odorizador de ambiente, tinta ou inseticida, mas o que muita gente não sabe é que para o produto sair em forma de jato é preciso ter um gás. Até a década de 1980 o gás utilizado era o clorofluorcarbono (CFC), substância que contribuía para a destruição da camada de ozônio. Após a adesão do Protocolo de Montreal, acordo ambiental adotado universalmente, o CFC precisou ser substituído e os aerossóis começaram a ser compostos pelo gás liquefeito de petróleo (GLP). Além disso, os fabricantes passaram a indicar na embalagem que o produto é inofensivo para a camada de ozônio. Mas a mudança não tirou as latas de aerossol da discussão ambiental, pois era preciso dar atenção ao descarte correto das embalagens e a participação delas na logística reversa. Mas será que grande parte da população sabe qual o descarte correto e o que é logística reversa?

A logística reversa, indicada na Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), prevê que produtos que contenham elementos perigosos sejam recolhidos pelos fabricantes para reaproveitamento ou destinação final adequada ao meio ambiente. No caso dos aerossóis a logística reversa é necessária por causa da presença de gás propelente inflamável no interior da embalagem. Estes compartimentos também devem ser mantidos longe de fogo e superfícies aquecidas, não podem ser perfurados mesmo vazios nem reutilizados antes de um processo de descontaminação. Quando chegam a uma cooperativa de lixo reciclável, devem ser mantidos intactos e entregues para uma empresa que retirará o gás por meio de um maquinário sem contato humano e, por fim, passados para o responsável pela reciclagem. Segundo Ana Maria Luz, presidente do Instituto GEA, ONG que atua na área de educação ambiental, “um grande perigo dos aerossóis está nas cooperativas, porque o funcionário ao desmontar a embalagem inala frequentemente os resquícios do produto. Além disso, permanece em um lugar fechado com tudo que é inflamável”.

O Instituto GEA desenvolveu um projeto para a multinacional americana SC Johnson que decidiu colocar em prática o princípio da logística reversa. A ação permitirá que a empresa envie para a reciclagem a mesma quantidade de aerossóis que produz, para isso não é coletado somente material da marca da empresa, mas qualquer embalagem que seja de aerossol. O papel do Instituto é incluir as cooperativas no projeto e orientá-las a não desmontarem as latas. Quando a ação teve início em agosto de 2013 havia duas cooperativas envolvidas na cidade de São Paulo, em setembro de 2014, cidades como São Vicente, Praia Grande, Campinas e Guarulhos aderiram ao projeto e o número de cooperativas passou para 38. 

Além de conscientizar as cooperativas sobre o descarte correto, outro desafio é criar mais pontos de coleta para que os consumidores possam entregar as latas vazias, por exemplo, em supermercados, lojas de material de construção e condomínios. Atualmente, muito do que chega às cooperativas vem com o lixo reciclável da coleta seletiva, que ainda não foi implementada em todos os distritos de São Paulo. “Precisamos divulgar a ideia para que iniciativas corretas sejam valorizadas”, complementa Ana Maria Luz.

Gildete Francisca de Almeida Silva, diretora Financeira da Coopercaps, cooperativa localizada na zona Sul de São Paulo, conta que não tinha informações sobre os perigos dessas embalagens e ao recebê-las separava a parte metálica da plástica e vendia. “Quando alguns cooperados foram fazer um curso de separação de materiais descobrimos que era perigoso abrir os aerossóis, depois disso passamos a não quebrar as embalagens”, explica Silva. O processo correto também economiza tempo de trabalho dos cooperados e previne acidentes, pois além da dispersão de gás, a pressão no interior da embalagem é muito forte. Por fim, a ação gera mais benefícios financeiros para as cooperativas. “Entregar o material inteiro é mais vantajoso”, argumenta Silva.