O filme iraniano, A Separação, apresenta diversos
conflitos originados pelo tipo de sociedade existente no Irã. Assim, a discussão ética é bastante abrangente,
não só nos faz refletir um pouco sobre os costumes e pensamentos deste país,
mas também nos faz pensar em como é complexo pautar questões éticas de um lugar
tão diferente do que vivemos.
Além disso, dar destaque a filmes que fogem ao padrão
hollywoodiano quebra preconceitos que muitos têm referente ao Oriente Médio. Muitos
deles retratam pessoas comuns da sociedade que querem mudanças e não usam de
armas violentas para isso. Nada melhor que o cinema, uma das melhores
ferramentas para romper preconceitos e salientar novas perspectivas.
Não vemos discurso político direto, tema esperado
quando se trata de oriente médio. Mas, desdobramentos morais e religiosos perpassam
a história não com tom fundamentalista, e sim por uma desconcertante simplicidade
que transcende à sociedade iraniana e nos leva a uma percepção universal do ser
humano. O choque entre modernização e
tradicionalismo, a desigualdade social presente entre as famílias, a traição de
preceitos religiosos por meio da coerção, a liberdade feminina cerceada, a
violência física, o livre arbítrio e a felicidade da mulher iraniana são questões
que, excluindo a especificidade geográfica, debatemos em qualquer lugar do
mundo.
Nossas reflexões giram em torno de como é possível,
sob nosso ponto de vista ético, analisar eticamente uma sociedade em que seus
valores e condutas morais são diferentes dos nossos. Fico clara essa diferença
entre a sociedade ocidental e a iraniana. Algumas questões morais legitimadas
por nós, sequer são consideradas por eles, e outras contestadas por nós, são
facilmente aceitas por eles. Entretanto, independente da forma como vivem e de
quanto isso pode parecer distante de nós, partilhamos os mesmos conflitos
familiares, religiosos e sociais em busca de uma convivência mais harmoniosa.
Apesar de todas as mentiras e desentendimentos ao
longo da história, não há como julgar quem está certo ou errado, pois cada um
defendeu seus valores morais. As mentiras e as atitudes antiéticas foram o quê
fizeram para sobreviver e para defender seus interesses. Quem de nós, às vezes,
não faz isso?
A Separação, Drama, 123 minutos. Título Original: Jodaeiye Nader az Simin. Ano de lançamento: 2011. Direção: Asghar Farhadi
Elenco Principal. Hodjat - Shahab Hosseini. Razieh - Sareh Bayat. Somayeh - Kimia Hosseini. Nader - Peyman Maadi. Simin - Leila Hatami. Termeh - Sarina Farhadi
Sinopse
A história segue uma família formada por Simin, Nader e a filha de ambos, Termeh. Quando Simin decide deixar o Irã para dar um futuro melhor para Termeh, Nader decide não acompanhá-la porque precisa tomar conta do seu pai, doente com Alzheimer. Simin volta então para a casa dos pais e Termeh prefere ficar com Nader. O filme toma um novo rumo quando, para ajudá-lo a cuidar do seu pai, Nader contrata Razieh, que está grávida e aceita o emprego sem o marido saber. Por razões culturais, ele jamais permitiria que ela trabalhasse numa casa em que a esposa não está presente.
Sinopse disponível em: http://www.jb.com.br/progama/noticias/2012/01/19/critica-a-separacao/ Acesso em: 22/05/2012.
Por Bruna Freesz
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