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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

De onde vem a expressão Indústria Cultural?

Max Horkheimer e Theodor Adorno

Esse termo foi criado pelos estudiosos alemães Max Horkheimer e Theodor Adorno na primeira metade do sec. XX para substituir outro, “cultura de massa”. Sua primeira ocorrência foi no livro “Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos”. Segundo os autores, “cultura de massa” induz ao erro que satisfaz aos interesses dos detentores dos veículos de comunicação, ou seja, grupos empresariais ligados a esse setor. Pois, pressupõe algo surgindo espontaneamente das próprias massas. Enquanto, na verdade, a “indústria cultural” não apenas adapta seus produtos às massas como determina seu consumo.

Logo, podemos compreendê-la como:

“...cultura massificada que é transformada em produto de consumo. É o processo pela qual hoje se controla a produção de cultura de uma região, cidade ou nação.” (Guerra, Mattos, 2008)1

“...realidade do capitalismo, que precisa do consumo ativo para estabelecer-se e manter-se.” (Guerra, Mattos, 2008)2

Contexto histórico

Com a consolidação do modo capitalista de produção no séc. XX, a Indústria Cultural utilizou do conceito de produção em série e domínio das técnicas de reprodução para exercer papel específico de portadora da ideologia dominante. Sacrificou-se assim, a distinção entre o caráter individual da obra de arte e do sistema social. Sua estrutura está ligada à fase monopolista do sistema capitalista, período em que pode atingir plena configuração.
Com isso, o domínio do homem sobre a ciência e a técnica, pensado pelos iluministas, como modo de libertação do próprio homem, contraditoriamente, torna-o vítima do progresso desse domínio. Assim, a Indústria Cultural passa a utilizar esse progresso como instrumento para conter o desenvolvimento da consciência das massas.

O sistema

“Característica marcante da indústria cultural é que suas mensagens possuem uma lógica de produção e distribuição semelhante às demais mercadorias no sistema capitalista.” (Gomes, 2004)

O processo operativo integra cada elemento. O produto oferecido com “nova fachada”, nada mais é que representação daquilo que já foi ofertado de forma diferente. Mas, continua sempre igual.  Apenas um dos exemplos para isso, são obras da literatura mundial ganhando suas versões cinematográficas para deleite de um público que, provavelmente, já conhece o final da história.

O indivíduo

A indústria cultural cria necessidades ao indivíduo que deve contentar-se com o que lhe é oferecido. Assim, é possível organizar todo um sistema de consumo em que o sujeito compreenda sua condição de objeto daquela indústria. Desse modo, instaura-se a dominação natural e ideológica, levando o sujeito à alienação.
"... a dominação economia sobre a vida social levou, na definição de toda realização humana, a uma evidente degradação do 'ser' em 'ter'."(DEBORD, 1967)3

Para onde vamos?

Ao voltarmos nossa reflexão para a área jornalística, de modo bem sucinto, verificamos que a indústria cultural auxilia o jornalismo através da manipulação das informações por parte daqueles que detêm essa informação. Que, como qualquer empresa capitalista, fabrica produtos padronizados que possam atingir a maior parte de consumidores possíveis. Como a matéria prima nesse negócio é a noticia, só é levado ao grande público aquilo que dá ibope, e por fim, gera lucro.

1. GUERRA, Marco Antônio, MATTOS, Paula de Vincenzo Fidelis Belfort. Indústria Cultural. São Paulo: Universidade São Judas Tadeu.2008.
2. GOMES, Pedro Gilberto. Tópicos de Teoria da Comunicação. São Leopoldo: Editora Unisinos, 2004.
3. DEBORD, Guy. Sociedade do Espetáculo. Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.


Capa da primeira edição de 1947. 
Editora Querido Verlag em Amsterdã.
Título: Dialektik der Aufklärung: 
Philosophische Fragmente.
Por Bruna Freesz

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