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terça-feira, 25 de junho de 2013

Aproximação entre diferentes culturas é essencial para romper preconceitos

Festa em comemoração ao dia Mundial do Refugiado / Foto de Carolina Nakamura
   
   Acompanhar as notícias de regiões conflituosas faz parte do meu cotidiano há 4 anos, em especial as que envolvem o Oriente Médio e o Afeganistão. O interesse não está relacionado a nenhuma descendência como algumas pessoas perguntam. Simplesmente comecei a estudar sobre esses lugares e quando percebi já estava muito envolvida. Tão entremetida ao ponto de largar a vontade de conhecer Nova York e Paris para desejar ir ao Afeganistão, Irã, Israel e Líbano. 

   Surgiu o sonho de ser correspondente de guerra e de ajudar a população sofrida. Para ser sincera, hoje, não sei se serei repórter de guerra, se terei tanta coragem para levar esse plano adiante. A guerra assusta e é preciso ter muita cautela e determinação para adentrar nela. A única coisa que posso dizer agora é que não consigo me desligar dessas culturas.

   Livros, filmes, palestras, cursos e grupos de discussão sobre o tema passaram a fazer parte da minha rotina. Eles são ótimos para que não fiquemos presos ao que grandes veículos de comunicação nos mostram. Além disso, valorizo muito o contato com pessoas que são desses países ou simplesmente os conhecem bem. Penso que assim podemos quebrar preconceitos e enxergar que lugares como o Oriente Médio, por exemplo, não são antros de terroristas. 

   As pessoas de lá são “gente como a gente”. Elas se apaixonam, sonham, trabalham, estudam, sorriem, sofrem. No Líbano as garotas podem usar biquínis, “ficam” e vão a festas. O Irã tem uma população jovem imensa que adora ir ao cinema e faz festa escondida das autoridades. Enfim, há uma infinidade de coisas que eu poderia relatar para mostrar que os monstros que assustam muitos ocidentais são criação de quem gosta de generalizar e enxerga só um lado da moeda.

   Enfim, as notícias relacionadas a países conflituosos fez com que o termo “refugiado” se tornasse algo comum para mim. Pois é normal as pessoas fugirem de governos opressores, de guerras e de desastres ambientais. Mas um post publicado no blog do Atados, rede social que possibilita o encontro de vagas de voluntariado em diversas ONGs,  fez com que eu prestasse atenção nos refugiados que vêm para o Brasil e passasse a pensar um pouco mais na África. Rapidamente compartilhei o texto com um casal de amigos, Marcos e Bianca. E por coincidência ou providência o Marcos havia pensado na questão dos refugiados naquele mesmo dia. Além disso, o irmão dele começaria a dar aulas de português aos refugiados no Instituto de Reintegração do Refugiado - Adus. Começamos a conversar muito sobre o tema. Eu ligada nos 220 volts como de costume.

   Todavia, o despertar causado pelo post foi fortalecido pela festa One Love Junino. O evento realizado no dia 16 de junho pela Adus em parceria com o Atados adiantou a comemoração ao dia Mundial do Refugiado, que acontece no dia 20 de junho. Naquele momento não surgiram somente africanos. Entre eles estavam habitantes de países da América. Mas independente da localização imagino que cada um deve enfrentar empecilhos parecidos para conseguir reconstruir uma nova vida no Brasil. Empecilhos que pelo visto não conseguem derrotar a esperança. Aquela que consegui ver no olhar de muitos deles. 

   Durante as conversas eles transmitiam a empolgação em conseguir um emprego, alugar uma casa, aprender o português. Diziam que o Brasil era um país muito bom, que o racismo aqui não é tão grande e ficavam felizes quando descobriam que no Brasil nós estudamos sobre a África na escola. Esse contato confirma o que disse parágrafos acima: precisamos nos aproximar das pessoas para quebrar preconceitos e entender que independente da região temos muitas características em comum. 

   Enfim, eles sonham, trabalham, estudam, sorriem, sofrem e amam. Eles são gente como a gente. 

   Continuemos a conversa numa próxima oportunidade.


Por Priscila Pacheco

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