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domingo, 4 de novembro de 2012

Sete faces? Para Drummond, isso é pouco!



Quando se lê alguma matéria sobre Carlos Drummond de Andrade, o desavisado deve pensar que não há mais o quê conhecer sobre ele por já ter visto tudo que foi dito, escrito ou pesquisado, afinal ele é um dos poetas da literatura brasileira mais lido, estudado e conhecido no Brasil e mundo afora. Pois então, os mais atentos puderam observar que a Festa Literária Internacional de Paraty não havia, ainda, prestado verdadeira homenagem à Drummond. 

E aqui cabe a pergunta, por quê? Simples, não havia o quê dizer. Resposta errada, pelo menos para aqueles cuja ausência do autor mineiro era sentida e vinha aumentando desde a primeira edição em 2003 e que agora completa 10 anos. Tudo isso, porque, apesar de sempre ovacionado pelos leitores e críticos, o grande poeta ainda tem muito a dizer e nos oferece muito o que se discutir. 

OK! Nós perdoamos a todos! Os organizadores da FLIP, que aconteceu  dos dias 4 a 8 de julho, esperaram este ano para ceder em sua programação um vasto espaço de homenagem a esse senhor, que se estivesse vivo completaria, em 31 de outubro de 2012, 110 anos de vida. Justamente, desde o início desse ano, uma série de eventos e lançamentos vem celebrando essa data. 

 
Um deles é o lançamento do livro inédito "Os 25 Poemas da Triste Alegria" da editora Cosac Naïf. Uma “edição comentada”, não apenas pelo próprio Drummond, mas também, por seu amigo e escritor Mario de Andrade. Trata-se de textos escritos entre 1923 e 1924, ou seja, antes da publicação de Alguma Poesia de 1930, seu livro de estreia. O livro reproduz em fac-símile uma edição artesanal de 1924, com poemas datilografados por Dolores Dutra de Morais, sua futura esposa, que foram encadernados e confiados a celebres amigos, entre eles, Mario de Andrade. 

Tempos depois, esse material voltaria para as mãos de Drummond e não se teria mais notícias. O quê o leitor terá, contudo, não é só esse trabalho inaugural. Além dele, um conjunto de notas manuscritas, à margem da produção, datadas de 1937, 13 anos depois. As anotações foram feitas por um Drummond consagrado e maduro suficiente para avaliar com distanciamento crítico seus versos de juventude.

Outro evento que cobre esse ano de comemorações e aconteceu, exatamente, no dia 31 de outubro data de aniversário do poeta, foi a segunda edição do DIA D – Dia Drummond, organizado pelo Instituto Moreira Sales. A ideia surgiu no ano passado e teve a intenção de fazer com que esse dia fosse comemorado e fizesse parte do calendário cultural do país. E para isso, uma programação recheada de atividades foi pensada para os leitores fieis, apreciadores convictos e até para aqueles desavisados do início da conversa. 

Neste ano o IMS promoveu o curso gratuito “Drummond: o tempo e a poesia” ministrado pelo poeta Antonio Cícero, exibiu uma mostra de cinema com filmes da atriz sueca Greta Garbo, musa inspiradora para os poemas do autor e também lançou a edição dos “Cadernos de Literatura Brasileira” dedicada a ele acompanhado dos poetas Eucanaã Ferraz, Ferreira Gullar e o professor da FFLCH – UPS, Ivan Marques em um bate-papo aberto ao público.

E para fechar, a fotógrafa Simone Monte lança dia 9 de novembro, na galeria do cine Reserva Cultural em São Paulo, a exposição “Arrepio”. Ela misturou sua habilidade com as câmeras e sua paixão por poesia e transportou versos de Drummond para o corpo de modelos. Segundo Simone, a ideia era transcrever a palavra do papel para a pele e transmitir o arrepio que lhe causa a poesia. 

Ufa! E Para quem ainda pensa que já viu tudo sobre ele, bobagem! Sete faces é pouco, talvez 110, quem sabe infinitas?!
Por Bruna Freesz

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