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segunda-feira, 14 de julho de 2014

Brasil tem potencial para driblar crise de energia e ser sustentável

O empecilho vivido atualmente pelo setor elétrico brasileiro retoma as discussões que ganharam destaque em 2001, ano em que o país enfrentou uma grave crise no setor e ameaça de apagão. As questões giram em torno da escassez de água e de problemas em investimentos. E faz com que a sociedade reflita sobre a valorização de novas fontes de energia.

Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), as principais fontes de produção energética são as usinas hidrelétricas e as termelétricas, que somam 92,2% da capacidade instalada. Para ficar menos dependente dessas fontes, o Brasil pode aumentar os investimentos em energia eólica, solar fotovoltaica e florestas energéticas, produtoras de biomassa. 

Não há como realizar projetos energéticos sem causar algum dano ao meio ambiente. Mas para que não haja impactos extremamente nocivos, seja na produção de energia ou em qualquer outra atividade que interfira no meio ambiente, “é preciso usar uma ciência e tecnologia comprometidas com a prudência ecológica”, diz o economista e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Clóvis Cavalcanti.

Outro fator importante para um crescimento energético sustentável é a escolha do local apropriado para cada produtor de energia elétrica. Por exemplo, na região do Pantanal “as torres eólicas devem ser evitadas pelo impacto óbvio sobre a avifauna”, diz o consultor na área de energia e fontes renováveis, Roberto Kishinami. 

Um caso em destaque no Centro-Oeste do Brasil que ilustra a importância de analisar os locais em que cada fonte cause menos impacto ambiental é a construção de diversas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na bacia hidrológica do Alto Paraguai, que podem interferir no Pantanal. Alguns pesquisadores acreditam que o conjunto de PCHs são ameaçadoras para o Pantanal. As perdas “vão desde a ruptura de teias alimentares ao provimento de atividades econômicas, como a pesca, lazer e ecoturismo”, informa o biólogo e professor da Universidade Anhanguera – Uniderp, José Sabino.

O Brasil tem potencial para obter um crescimento sustentável no setor elétrico, mas é preciso dar atenção a um planejamento atualizado que esteja de acordo com as diversas fontes renováveis que o país tem capacidade de usufruir. 

Além disso, o país não pode extinguir nenhuma das principais fontes já utilizadas, o que pode acontecer é a diminuição da dependência delas. Um exemplo é a permanência do uso de termelétricas, que “continuarão sendo necessárias, para a segurança energética do sistema, uma vez que todas as fontes de menor impacto apresentam sazonalidades anuais, semanais e diárias”, explica Kishinami.


*A pauta original foi produzida para o concurso da Semana Estado de Jornalismo Ambiental, mas como não venceu foi adaptada para ser apresentada neste blog.

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